Grandes Personalidades

Germano Almeida
Germano Almeida nasceu na ilha da Boa Vista em 1945. Licenciou-se em Direito na Universidade Clássica de Lisboa. Vive em São Vicente onde, desde 1979, exerce a profissão de advogado.

Publica as primeiras estórias na revista Ponto & Vírgula, assinadas com o pseudónimo de Romualdo Cruz. Estas estórias foram publicadas em 1994 com o título A Ilha Fantástica, que, juntamente com A Família Trago, 1998, recriam os anos de infância e o ambiente social e familiar na ilha da Boa Vista. Mas o primeiro romance do autor foi O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo, em 1989, que marca a ruptura com os tradicionais temas cabo-verdianos.

O Meu Poeta, de 1990, Estórias de Dentro de Casa, de 1996, A Morte do Meu Poeta, de 1998, As Memórias de Um Espírito, de 2001 e O Mar na Lajinha, de 2004, formam o que se pode considerar o ciclo mindelense da obra do autor. Os mais recentes são os livros A Morte do Ouvidor, de 2010, e Do Monte Cara Vê-se o Mundo, de 2014, Regresso ao Paraíso, 2015 e O Fiel Defunto, 2018 também editados na Caminho. Entre a sua extensa obra também se destacam títulos como O testamento do senhor Napumoceno da Silva Araújo (1991), Dona Pura e os camaradas de Abril (1999), O mar na Lajinha (2004) e Eva (2006).

Germano Almeida foi fundador e co-director da revista Ponto e vírgula, co-proprietário e diretor do jornal Aguaviva e é sócio da editora Ilhéu, a qual publica a sua obra em Cabo Verde. As suas obras são editadas em Portugal pela editorial Caminho. Tem obras publicadas no Brasil, França, Espanha, Itália, Alemanha, Suécia, Holanda, Noruega e Dinamarca, Cuba, Estados Unidos, Bulgária e Suíça.

Em 2018 vence o Prémio Camões.

Maria Barba
Maria da Purificação Pinheiro ou simplesmente Maria Barba nasceu em 1905. Natural de Povoação Velha, ilha da Boa Vista, é considerada uma das maiores referências da morna.

Autora da morna “Maria Barba”, a sua fama teve início num baile pelo final da década de 1920, na Boa Vista, a jovem com pouco mais de 20 anos que era já uma cantadeira de renome improvisa um dueto com o tenente Serra (engenheiro militar em missão em Cabo Verde e que viveu durante vários anos na Boa Vista.

Segundo Eutrópio Lima da Cruz (Voz di Povo, 15.03 1982), citando uma testemunha da criação deste terna, a letra improvisada no baile foi cantada sobre a melodia de uma morna já conhecida anteriormente e originária da localidade de Curral Velho Seja como for, a composição, que em poucos versos simulando um diálogo consegue ser um pequeno retrato da vivência social naquele período na ilha da Boa Vista, tornou-se um clássico do repertório tradicional cabo-verdiano e perdura no Vista, tornou-se um clássico do repertório tradicional cabo-verdiano e perdura no tempo, muito para além da época em que surgiu e das personagens que a produziram.

Maria Barba, por sua vez, é uma das cantadeiras que integra a delegação que em 1934 viajou para o Porto em representação de Cabo Verde na I Exposição Colonial Portuguesa. Do grupo faziam parte, entre outros, Luís Rendall Segurido António Germano Lima (A Semana, 14.09.2001), que aponta essa opinião como consenso geral, a sua reputação como cantadeira era muito boa, “foi a maior de todos os tempos, não sendo de estranhar”.

A alcunha Maria Barba vem da mãe, que se chamava Bárbara, e então chamavam-na de Maria de Bárbara, o que é habitual em Cabo Verde passar do tempo levou à corruptela Maria Barba. Nos primeiros anos da década de 1940, Maria Barba emigra para a então chamada Guiné Portuguesa (atual Guiné- Bissau), onde irá viver até ao fim da sua vida. Diz-se que aí, quando cantava a música, terminava a com estes versos acrescentados “Oi, toda vez k’n ta canta es morna fel ta faze’m lembra Bubista nha terra.”

Maria Barba fica na história como co-autora da letra de uma das mais simples e das mais belas mornas jamais ouvidas, uma morna que leva o seu nome e até hoje é cantada por muitas das mais nobres vozes do arquipélago.

Fonte: https://www.caboverdeamusica.online/maria-barba/

Serapião António Oliveira
Serapião António Oliveira, mais conhecido por Nha Vão, é natural de Sal Rei, Ilha da Boa Vista, nasceu a 30 de outubro de 1923. Filho de Herculano Nazário Oliveira e Paula Libânia Fonseca ambos da Boa Vista. A mãe Paula trabalhava na descarga e carregamento de navios que aportavam na Boa Vista e labutava em casa, na criação e educação dos filhos, Serapião ajudava o Pai nas lides da agricultura e pastorícia.

Aos 20 anos de idade, rumou para São Vicente, para prestar serviço militar, até 1947. Após a sua missão militar, regressa à Boa Vista.

Em 1948, decidiu aventurar- se na Cidade da Praia à procura de outros meios de vida. Em 1949 ingressa nos serviços da Polícia Nacional, após um ano de serviço, ruma para a Ilha vizinha do Fogo na qualidade de responsável de posto policial.

Após alguns anos de serviço na ilha do Fogo, é transferido de novo para a cidade da Praia, e depois transferido para São Vicente, onde desempenhou funções na Polícia de ordem pública.

Em São Vicente conheceu Maria Francisca Monteiro – Nha Bia, sua companheira de vida. De regresso à sua ilha natal, veio a chefiar o posto policial.

Mais tarde regressa a São Vicente, onde continuou as suas funções policiais. Em 1961 desligou-se da Polícia Nacional, regressou à sua ilha natal Boa Vista, retomando a vida civil.

Homem de vários ofícios, Serapião Oliveira, trabalhou na Câmara Municipal da Boa Vista como encarregado de Armazém, da Brigada da Estrada até 1967.  Foi Regedor da Freguesia de Santa Isabel, fiscal geral de obras municipais, em toda a ilha. Foi responsável pelo serviço de assuntos sociais e fiel de Armazém do PAM- Programa Alimentar Mundial, Ponto focal do Estado na Ilha.  Trabalhou na EMPA e finalmente no MDR.

  • De 1980 a 1985 serviu o País como Deputado Nacional pelo círculo da Boa Vista.
  • Aposentou em 1990 aos 67 anos de idade.

Foi um dos membros fundadores da Casa – Racionalismo Cristão na Boa Vista. Em 2018, foi agraciado pelo Presidente da Casa Racionalismo Cristão do Brasil, com o título de Membro Honorário da Instituição. Nos anos da sua juventude, praticou vários desportos náuticos, participou em jornadas de natação na Baía de Sal Rei. Foi também futebolista do Clube União. Conheceu Boa Vista de lês a lês graças a sua função de negociante de Gado. Serapião Oliveira- Nha Vão também tem uma paixão pela arte e pela cultura.

Com apenas 16 anos de idade, em 1940 compôs a sua primeira letra, de algumas composições criadas, mas, não dedicou muito a esta arte, sendo que na altura as letras e os sons nasciam de forma espontânea para diversão dos jovens, sem pensar em fazer desta arte um meio de sustento. Contudo, deu uma grande contribuição à Cultura, não só como compositor e trovador, mas também como músico das noites e serenatas na Boa Vista, fazendo dele um   fazedor de cultura.

A sua mais emblemática composição Fusquinha. Serapião Oliveira, Nha Vão é o mais velho compositor Vivo, de Cabo Verde.

Este é Serapião Oliveira, o nosso Nha Vão, casado com Maria Francisca Monteiro Oliveira, pai de 09 filhos, tem 17 netos, 12 bisnetos e um trineto.

Um Bem-Haja a Nha Vão que no dia 30 de outubro completou 100 anos de vida.

Celina Pereira
Nasceu a 10 de setembro de 1940, na ilha da Boa Vista. Neta de padre, filósofo, poeta, pintor e músico. Um homem que soube transmitir a sua enorme sabedoria e talento aos seus 17 filhos.

Celina Pereira foi, aos seis anos de idade, para São Vicente, acompanhando os pais, que aí fixaram residência. Sobrinha de Aristides Maria Pereira, primeiro Presidente da República de Cabo Verde, aos 8 anos, Celina Pereira começou a cantar na Igreja do Nazareno, onde destacou-se como solista e integrou o orfeão da igreja. De seguida, participou nos Serões para Trabalhadores no cinema Eden Park.

Em 1968, com 25 anos, a convite do Grupo Ritmos Cabo-Verdianos, teve a sua primeira actuação profissional, e seguiram-se os convites do cantor Bana para actuações nos saraus que organizava.

Em 1970 mudou-se para Portugal, para continuar os estudos e rapidamente passou a ser uma referência da diáspora cabo-verdiana e da sociedade portuguesa, com presença permanente na televisão.

Em Portugal, a sua primeira actuação na televisão foi no programa “Arroz Doce”, de Júlio Isidro, onde conheceu Eunice Muñoz e Marina Mota que actuavam como residentes. Isto, por ocasião da promoção do disco “Mar Azul – Cantá Mudjers”, resultante do 1º Festival de Vozes Femininas, organizado pela OMCV – Organização das Mulheres de Cabo Verde.

Celina Pereira viu o seu primeiro single Bubista, nha terra/Oh, boy! editado em 1979, e em1986 estreou-se com o seu primeiro álgum Força di Cretcheu (“Força do Meu Amor”), com arranjos e direcção musical de Paulino Vieira, que inclui histórias e cantigas de roda, brincadeira, casamento e trabalho.

Actuou na comunicação social como jornalista de rádio e contadora de estórias, actividade que iniciou em liceus e escolas de Boston, Massachussets, USA, desde 1990.

Em 1990 lançou o LP “Estória, Estória… No Arquipélago das Maravilhas”, altura em que começou, paralelamente, a “actividade” de contadora de estórias sobre o imaginário cabo-verdiano. Três anos depois, em 1993, lançou o álbum “Nós Tradição”, em 1998 deu corpo a “Harpejos e Gorjeios”. Culta, investigadora, activista cultural, iniciou também uma série de duetos com artistas, como o fadista Carlos Zel e o brasileiro Martinho da Vila.

Em 2004, de forma natural, lançou Estória, Estória… do Tambor a Blimundo. Alvo de várias reedições desde então, é um áudio-livro que pretende recuperar o património expressivo das histórias e jogos de roda tradicionais africanos. Devido ao seu trabalho na preservação, pesquisa e divulgação da cultura cabo-verdiana, em vida, a cantora foi alvo de várias homenagens. Celina foi distinguida no festival de música “Sol da Caparica”, pela Câmara Municipal de Almada, em Portugal, que lhe atribuiu a medalha de prata de Mérito Cultural pelo seu empenho na divulgação das artes e pela sua dedicação às causas sociais.

Cantora cabo-verdiana, educadora, contadora de estórias e escritora, Celina Pereira foi condecorada em 2003 com a medalha de mérito, pelo Presidente português, Jorge Sampaio, pelo seu trabalho na área da educação e da cultura cabo-verdiana.

Em 2014 foi galardoada com o Prémio Carreira na quarta edição dos Cabo Verde Music Awards (CVMA), um dos vários prémios que recebeu ao longo da sua carreira.

Em 2019, recebeu uma homenagem de músicos e amigos através de uma serenata, no espaço B.Leza, em Lisboa, e no mesmo ano foi homenageada na segunda edição da gala “Noite de Autores” promovida pela Sociedade Cabo-verdiana de Música (SCM).

Em Março de 2019, também foi apresentado o livro infantil da escritora e cantora Celina Pereira “A Sereia Mánina e seus sapatos vermelhos”.

Desde sempre preocupada com as questões da preservação da memória coletiva e, consequentemente, da própria identidade do povo cabo-verdiano, Celina Pereira vem cumprindo, desde o seu primeiro LP “.

Luiz Rendall
Nasceu em São Vicente a 28 de Fevereiro de 1898, onde decorreu a sua infância e parte da sua vida como funcionário.

Aos 7 anos de idade aprendeu os primeiros acordes básicos com o único tocador de violão então existente em São Vicente (diz-se), por sorte, seu vizinho, o qual ministrava as lições de forma muito original.

Luis Rendall é uma figura ímpar na cultura cabo-verdiana, na vertente da música, encontrando-se o seu nome no rol daqueles que Cabo Verde evoca com saudade, carinho e gratidão, pois efetivamente deu voz à alma crioula nas suas belíssimas mornas, na magia do seu violão e, principalmente, nos seus famosos solos.

Vivia na Boa Vista como funcionário público, mas tornava-se maior quando se encontrava com os grandes tocadores de violão de São Vicente de sua época, como, Lela Preciosa, Antonzinho, e o seu aluno Angelo Lima, era um presente ouvi-lo, foi magistral e inconfundível.

Luis Rendall, continua uma referência entre os grandes artistas de nosso país, porém uma referência obrigatória no contexto cabo-verdiano, para novas gerações.

Segundo o site Fotolog, Luis Rendall, era considerado “o pai do solo do violão cabo-verdiano”.

Criador das mais belas composições da música instrumental cabo-verdiana que, infelizmente, não foram salvaguardadas, ficando poucos para a posteridade. Existem apenas dois LP’s “Cabo verde e seu compositor” e “Memórias de um violão”, três singles de 45 rotações e cassetes gravadas pela Ràdio Nacional. Há também trechos de um documentário sobre o mestre, produzido pela Radiotelevisão Portuguesa, guardados nos arquivos da Televisão de Cabo Verde.

Fora a música, foi guarda-fiscal, contínuo do liceu e faroleiro na Boavista. Chegou a tocar na Banda Municipal de São Vicente. 

Participou na Exposição Colonial, em Setembro de 1934 na cidade do Porto. Segundo notícias dos jornais da época “O Século” e “Comércio do Porto”, o dia de Cabo Verde na exposição foi marcado por uma tarde cultural em que Luís Rendall e seu grupo interpretaram temas de B.Leza e de Henrique Lopes Tavares.

Muito mais tarde voltaria a Portugal, numa inesquecida jornada, num conjunto em que faziam parte também Agostinho Fortes, Celso Estrela, Taninho Evora (violões) Djosinha, Titina, Mité Costa e Arlinda (cantores), tendo ali registado, pelo menos, um single de 45 rpm.

Luís Rendall faleceu a 4 de Dezembro de 1986, com 88 anos.

António Joaquim Lima (Djidjung)
( Nasceu em 1922 – Faleceu em 1982 )

Autor de mornas, sambas e marchas, nascido a 27 de Setembro de 1947, Djidjung era tambem conhecido por Djay na sua ilha, natal Boa Vista. E lembrado sobretudo como autor da morna “27 de Setembro, que tera composto en 1947.

Quando soube que fora convocado para regressar ao exército colonial. O compositor lamienta este facto na letra da composição que foi gravada por Fernando Quejas e, em versão instrumental, por Travadinha e por Humbertona. Num artigo a relembrar este personagem boavistense, o seu conterrâneo Noel Fortes (Novo Jornal Cabo Verde, 16101993) da pistas sobre a sua vida multifacetada pescador, futebolista, militar, compositor. Num artigo anterior no Voz di Povo (14.08 1982), por ocasião do falecimento de Djidjungo, Fortes fornece uma lista de composições da sua autoria, em que se destacam algumas de teor claramente politico, como as mornas 27 de Setembro” e “Native ca tem razon” e a marcha “5 de Julho”

A tradição que se encontra na obra de Luis Rendall e de B.Léza, por exemplo, de homenagear pessoas con músicas, aparece também nas composições de Djidjunga, tendo como exemplos as mornas “Sr. Zuca” (homenagem ao enfermeiro desse nome que passou algun tempo na Boa Vista), “Sr. Adalberto”, “Roçadas”, “Dr desse nome que passou algum tempo na Boa Vista), “Sr. Adalberto”, “Roçadas”. “Dr. Meira”, “Dr. Valadar” e “Tulia” Outras composições da sua autoria, segundo o mesmo artigo de Noel Fortes” “Castanhinha”, “Saiona de Vinte one”, “Tres voluntárias”, “Bo amor fingido”, “Nove de Maio”, “Bó vive sempre iludida”, “Académica” (mornas); as marchas “Grupo universal da juventude”, “Académica grupo animado” e “Marcha de Carnaval, e os sambas “Cena de uma pequena” e “Vocês não tinham o direito”.

Composições

Amor Fingido (parceria com António Sancha); 27 de Setembro, Sr. Adalberto, Roçadas, Dr. Meira, Dr Valadar, Tülia; Castanhinna, Saiona de Vinte one, Tres voluntárias, Bo amor fingido, Nove de Maio, Bo vive sempre iludida, Académica, “Grupo universal da juventude; Académica grupo animado, Marcha de Carnaval Cena de uma pequena, Vocês não tinham o direito.

Fonte: https://www.caboverdeamusica.online/djidjungo/?fbclid=IwAR3lW0Dd2HV7aDqNOsoTxgW5o1ae0h7VM0wE-AKLQ3fj_e_Jfq1NbCnld8c

Câmara Municipal da Boa Vista

Endereço:
Largo Santa Isabel, Sal Rei, Cabo Verde
Horário:
Segunda a Sexta : 08:00 – 16:00

Métodos de Pagamento

Pode pagar os seus impostos municipais com segurança utilizando os cartões Vinti4, VISA ou MasterCard.